Três Telas e uma Nuvem - explicando a Visão

Há cerca de 2 anos ouvi pela primeira vez Ray Ozzie falar da visão das “três telas e uma nuvem” (“Three screens and a cloud”).

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O conceito é poderoso e simples. No futuro o usuário lidará com dispositivos em 3 amplos contextos:

  • o contexto de trabalho, onde a edição (de textos, filmes, etc.) e colaboração são essenciais;
  • o contexto de diversão, onde jogos, comunicação e entretenimento se misturam;
  • e, por fim, o contexto de mobilidade e espontaneidade (Ray falava “on the go”) em que falamos, escrevemos, lemos e tiramos fotos ou filmes de acordo com as eventualidades a partir de dispositivos móveis que nos acompanham.

As telas são o centro da atenção do usuário. O nome do dispositivo, seja PC, celular, tablet, e-reader, televisão, etc., não importa. O imutável (ou pouco mutável) são os tipos de experiência, e as telas são o “isto” que os usuários de fato lidam.

Por outro lado, existe a computação… e onde ela é feita? R.:Na nuvem!

A nuvem, nesta visão, pontua a indeterminação de onde a computação é feita. Ela pode ser feita no processador junto à tela, num outro dispositivo em comunicação peer-to-peer, em um servidor local ou em algum datacenter do mundo. Para o usuário não importa!

Esta visão é, portanto, destinada ao consumidor, mas tem impacto na arquitetura de nossos sistemas. Cada contexto exige estratégias de computação e comunicação distintas.

A diversão exige grande processamento gráfico local e alta interatividade. Neste caso a nuvem é o lugar de armazenamento e streaming de jogos, imagens e comunicação. Mas para ser interativo, precisamos de cache local e boa capacidade de captar eventos de ações dos usuários.

O contexto de trabalho exige uma interface com usuário produtiva e agradável. Ele também deve contar com alto poder de interatividade, já que não queremos que um caractere vá até um datacenter remoto e volte. Mesmo assim, precisamos da nuvem quando temos trabalhos pesados demais para nossos processadores locais. Precisamos dela também para armazenar nossos trabalhos e nos fazer colaborar com outros usuários.

O contexto “on the go” pede pouca capacidade de computação local, bom nível de armazenamento, mas alta capacidade de comunicação.

A nuvem é a cola. Serviços de armazenamento (de vídeos, fotos, documentos, etc.), de computação (search, cálculos, etc.), de colaboração, de comunicação, de vendas e meios de pagamento, e o que mais inventarmos. Ela é o complemento da experiência que o usuário não pode obter com seu dispositivo sozinho. Espera-se que um dia ele nem precisará saber mais desta dependência.

Vocês vão ouvir ainda bastante desta visão. Só alguns cuidados:

1) não interpretem as três telas como PC, TV e celular. Estes são bons exemplos de dispositivos para estes 3 contextos hoje(!), porém uma visão não pode ficar tão datada – teremos mais dispositivos ao longo do tempo;

2) a nuvem não é um ou mais datacenters da Microsoft. A Microsoft tem e terá novos datacenters, mas a nuvem é de fato a soma de todo poder computacional que acontece em prol do usuário e que pode acontecer na sua rede, em qualquer datacenter – e quase sempre usando a Internet.

Boa Páscoa