Knowledge Sharing e a comunidade – um ponto de vista

Bom dia comunidade. Vou usar o post de hoje para falar sobre dois assuntos que muito me interessam: knowledge sharing ( ou compartilhamento do conhecimento) e comunidade.

Todos aqueles que trabalham com informática sabem que para se manter bem posicionado no mercado é necessário estar sempre disposto a estudar e se atualizar. Meus amigos acham engraçado quando eu digo que sempre tenho alguma coisa para estudar e, francamente, sempre vou ter. Alguns podem me chamar de louco, mentiroso ou qualquer coisa, mas foi isso que escolhi quando me inscrevi para prestar vestibular para ciência da computação.

É humanamente impossível lermos tudo que queremos/gostamos na avalanche de informações que recebemos diariamente, e aí temos trabalhar (normalmente mais do que as 8 horas contratuais), além de atender família, amigos e hobbies. Como tentamos resolver esse problema: knowledge sharing e comunidade.

Knowledge Sharing

Acredito ser a maneira mais eficiente de fazer com que as pessoas estejam sempre melhorando, ajudando os outros e usando a tecnologia da melhor forma. São apresentações, grupos de interesse, artigos, conferências e discussões, muita discussão - acho massa quando alguém diz “vou fazer o papel de advogado do diabo”, é nessa hora que uma idéia que parecia genial pode ir para o saco e você perceber a besteira que estava por fazer.

É claro que existem pessoas que preferem ficar sozinhas e fazer tudo no seu ritmo, pois não é de seu feitio uma abordagem mais aberta, o que eu respeito. E existem aqueles que acreditam não poder explicar nada ou prestar ajuda para serem melhores que os outros, esses são os idiotas (e infelizmente existem muitos deles).

Em toda empresa que eu passei, sempre incentivei a troca de conhecimento e experiência, sob diferentes alcunhas: grupo ET (estudo técnico – tinha até um SharePoint com um homenzinho verde J), reunião técnica mensal, brownbags (esse é usado na MS), etc. Qual foi a vantagem disso: eu aprendi MUITO, seja com pessoas mais espertas do que eu ou mesmo com pessoas de pouquíssima experiência, que faziam aquela pergunta mais simples e você percebia que não conseguia responder decentemente.

E aonde a informação será disseminada...

Comunidade

Uma definição: “Agremiação de indivíduos que vivem em comum ou têm os mesmos interesses e ideais políticos, religiosos, etc”. Então existem comunidades dentro da sua empresa, família, grupo de peladeiros, etc.

A tecnologia atual nos oferece meios de juntar pessoas com mesmos interesses em qualquer lugar do mundo. Temos wikis (apesar das críticas, sou um fã do Wikipedia), blogs, páginas de comunidade, webcasts, ferramentas de colaboração, etc.

Porém, mesmo com todos os recursos disponíveis e interesses diversos, eu ainda acho que a troca de conhecimento e envolvimento da comunidade (seja sobre tecnologias Microsoft ou outro tema qualquer) ainda está de forma geral muito abaixo do seu potencial.

O problema

Vivemos em uma sociedade com características individualistas.

Podemos acreditar nisso ou não, mas no fim das contas o EU prevalece quase sempre. É claro que em alguns momentos você deve tomar decisões para seu benefício - afinal temos que (sobre)viver -, o problema é quando isso se torna padrão nas ações do dia-a-dia.

Vejamos por exemplo uma coisa que eu abomino com toda força: o famoso jeitinho brasileiro. A expressão que antes demonstrava um ato de criatividade, já se tornou uma maneira de burlar as regras, se dar bem sobre os outros, sempre em benefício próprio. E ainda existe gente que acha bonito falar que vai “resolver” um problema com o jeitinho brasileiro. AAAARRRRRGGGGHHHHHH!

O individualismo não acontece somente no Brasil como sociedade, pois se olharmos dentro das empresas no mundo inteiro, no topo da pirâmide nós temos uma mensagem unificada, atribuições interligadas para os grupos, tudo muito bem alinhado. No entanto quando isso vai descendo os objetivos vão se tornando cada vez mais individuais, fazendo com que muitas vezes uma competição (não saudável) se estabeleça.

Vemos exemplos claros do individualismo e falta de comunicação até em pequenos grupos. Já trabalhei em projetos de cinco pessoas onde, mesmo com padrões definidos, sempre existiam idéias geniais que ficam espalhadas em subsistemas, pois o desenvolvedor não compartilhou o que fez.

O que isso tem a ver com a gente?

Todo profissional tem por objetivo fazer o melhor com o seu trabalho. Nós, que trabalhamos com tecnologia da informação, temos que entender o produto que utilizamos para criarmos soluções que atendam a demandas de negócio. Essa premissa vale para qualquer produto (seja ele da Microsoft, Google, Oracle, IBM, RedHat, Sun, etc.) e processo que utilizamos.

Talvez me joguem pedras ou digam que eu estou sendo muito duro, mas aqui vai: Hoje eu vejo no Brasil um mercado com profissionais imaturos, pouco profissionais e fracos tecnicamente. É claro que existem exceções de excelentes profissionais, mas é a exceção onde deveria ser a regra.

Já passei por vários casos onde os profissionais utilizam os produtos de maneira errada e depois tenho que ouvir o sujeitinho dizendo que a coisa não funciona porque a tecnologia é ruim! E aqui não estou falando da Microsoft (ou SQL Server), onde tenho propriedade para falar de alguns assuntos, mas essa é uma linha geral do mercado.

É aqui que a comunidade e o compartilhamento de conhecimento podem entrar com força. Precisamos nos ajudar para trabalharmos melhor, utilizarmos melhor os recursos disponíveis e fazer do nosso mercado e país, sempre uma referência.

Viva a troca de conhecimento e as comunidades que a suportam!

Motivação por trás desse artigo

Recentemente eu abri mão de um cargo altamente técnico (vocês sabem que eu adoro saber a fundo uma tecnologia), o que não foi algo fácil. Algumas pessoas me perguntam a razão da escolha, e a motivação foi estar mais perto da comunidade e ter a chance de colaborar para o melhor uso das tecnologias, sem perder o foco técnico.

Aproveitando o momento, um pouco do meu histórico: hoje eu trabalho na Microsoft por uma escolha de carreira que eu fiz há sete anos, onde trabalhava com o famoso LAMP e optei por ser estagiário em uma empresa parceira da Microsoft. O resto vocês podem imaginar... Não me arrependo da escolha.

Porém isso não quer dizer que odeio os competidores ou outros produtos, muito pelo contrário, vocês não me verão falando mal de nenhum concorrente, pois todos possuem seus pontos fortes e pontos fracos (se alguém quiser me ensinar tudo sobre Oracle, DB2, MySQL, eu vou adorar!). É aqui onde eu acredito existir o benefício da competição, com as tecnologias melhorando cada vez mais, nos dando o poder para usar a tecnologia em benefício da sociedade.

O fato de respeitar toda e qualquer tecnologia, não quer dizer que vou me abster de discutir (e criticar) com a comunidade. Agora, se for um daqueles xiitas papagaios de pirata, que só repetem as coisas sem nem entender o que estão falando, vou me dar o direito de ignorar solenemente o camarada.

No fim das contas, quando você está colaborando com a comunidade e trocando informações, no fundo você está ajudando a si mesmo e a sociedade.

Quem sabe um dia o jeitinho brasileiro será sinônimo de profissionalismo e qualidade em tudo o que fazemos... Estou tentando fazer a minha parte, e você?

[]s

Luciano Caixeta Moreira

luciano.moreira@microsoft.com

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20070904 - Knowledge Sharing e comunidade, um ponto de vista.zip